Aquascaping versus NonScaping

18 de Fevereiro de 2010 às 16:14 | Publicado em Aquascaping | 1 Comentário

Sendo frequentador assíduo de vários foruns de aquariofilia e desempenhando funções de moderação em dois deles já vi várias discussões sobre este assunto. Trata-se um tema quente, debatido mais com o coração do que com a razão. No entanto antes da inevitável intervenção da moderação dos diferentes foruns, ainda consegui reter alguns pontos que constituem o cerne da defesa de cada parte.

O NonScaping

Os seus defensores afirmam a naturalidade total do aquário. A decoração deve ser sobria e não se apresenta como um ponto importante, tendo especialmente o objectivo de fornecer abrigos para os peixes e outros habitantes do aquário. Plantas podem ou não fazer parte do aquário, mas a existirem serão as de menor manutenção possível, tendo como objectivo tornar o aquário mais confortável para os habitantes. A fertilização das plantas é conseguida através da comida e excreções dos habitantes do aquário, sendo que a adição de CO2 não deve sequer ser considerada. A iluminação é escolhida de modo a apenas tornar os habitantes do aquário visíveis sem os incomodar. Os peixes apresentam-se como o principal elemento decorativo do aquário, e todo o aquário é montado em volta deles.
Ainda segundo esta maneira de estar na aquariofilia, um aquário deve apresentar-se montado durante anos, de modo a criar o máximo de vida no seu interior.
Algumas incongruencias correspondem à defesa excessiva da naturalidade quando em aquários de pequenas dimensões, onde o próprio espaço é factor limitativo para o bem estar dos seres vivos. Por outro lado, parece haver o esquecimento da parte dos seus defensores mais conservadores, de que um aquário pode estar agradavelmente decorado, mesmo seguindo todos os princípios apresentados anteriormente.

O Aquascaping


O aquascaping corresponde à procura da representação de ambientes naturais, emersos ou submersos, realísticos ou abstractos no interior dos 5 vidros do aquário com recurso a materiais inertes e plantas, sendo os peixes escolhidos de modo a completar a paisagem natural, ou como preciosa ajuda no combate às indesejadas algas. A fertilização, onde se inclui a injecção de CO2, não sendo obrigatória, é uma mais valia. A iluminação deve ser elevada de modo a suprir os requerimentos de todas as plantas presentes no aquário. O resultado é uma paisagem subaquática extremamente cativante e agradável à vista, onde os inertes e as plantas são o elemento de maior destaque.
Para o aquascaper, os seus aquários têm uma duração limitada, tentando-se atingir um objectivo e explorar o máximo de potencialidades de um layout, e quando estas se esgotam, há necessidade de recomeçar de novo, de modo a se conseguir testar novas ideias.
Um dos principais problemas deste tipo de aquários é o bem estar dos animais que pode ser posto em causa quando não há moderação e cuidado na fertilização. Também a luz é excessiva face ao normal nos habitats de origem dos habitantes do aquário. Ainda, a fuga excessiva ao carácter natural dos aquários, pela representação de elementos tipicamente terrestres de modo subaquático é um ponto fortemente alvo de ataque por parte dos defensores do NonScaping.

Fica então um quadro resumo para ajudar a sintetizar as diferentes opiniões:

Aquascaping
Nonscaping
Decoração
Essencial na composição.
Abrigo para os habitantes.
Plantas
Exigentes. Ajudam na composição com contraste de cores.
Baixa manutenção. Ajudam no bem-estar dos peixes.
Peixes
Escolhidos em função do layout. Ajuda na limpeza.
Principal foco do aquário.
Iluminação
Elevada.
Apenas a essencial.
Fertilização
Importante.
Dispensável.
Duração das montagens
Curta a média.
Média a longa.
Resultado
Aquário fortemente decorativo e apelativo.
Aquário traçado em função das necessidades dos habitantes.

Concluindo, ambas as visões da aquariofilia se apresentam com vantagens em relação umas às outras, sendo que poucas pessoas se imaginam a fazer aquascaping pretendendo manter grandes ciclideos, e por outro lado um aquário que teve pouca atenção na fase de criação de estética tem tendencialmente menor valor decorativo. Nenhuma delas se encontra mais “correcta” que a outra, apenas se adaptam em função dos gostos, disponibilidade e pretensões do dono do aquário.

1 Comentário »

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  1. Gostei.

    E aqueles que tentam tornar um aquário bonito, mas preocupando-se com os seus habitantes.

    Tendo um aquário estéticamente agradável, e com habitantes felizes.

    Afinal de contas , existem várias plantas de pouca manutenção que podem ser conugadas e fazer um layout porreiro, com pouca luz, e pouca manutenção.

    O aquascaping acabará por se dividir, na minha visão das coisas, numa vertente totalmente competitiva, e numa mais doméstica.

    Hoje em dia, já existe muita gente a preocupar-se em ter os seus aquários bonitos, com várias plantas e layout definido, mas que não usam grandes fertilizações, não competem, e apenas querem que os peixes fiquem felizes, não usando grandes iluminações.E não descurando na mesma, na beleza estética do aquário.

    Ainda se tem de arranjar um termo, para este grupo de gente 😛

    Abraço, e óptimo artigo


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